U Fabuliô de Hugo Possolo > matérias



Folha de São Paulo - Ilustrada
8 de Julho de 1996
Teatro

Parlapatões Patifes & Paspalhões abrem hoje festival no Sesc Anchieta, que terá seis peças em competição.

Jornada sai à caça de novos dramaturgos

Angela Dip, Alexandre Roit (embaixo) e Raul Barreto, integrantes dos Parlapatões, em cena de 'U Fabuliô'

"Filhos da Jornada' estréiam "U Fabuliô"

Os Parlapatões Patifes & Paspalhões vão apresentar "U Fabuliô" em agosto, no Fiac (Festival Internacional de Artes Cênicas).

O espetáculo foi concebido inicialmente para uma apresentação de rua ou em espaço aberto, segundo o autor e ator Hugo Possolo. Mas, como eles receberam o convite para abrir a jornada deste ano, eles resolveram estrear em um teatro.

A razão de os Parlapatões terem sido convidados para abrir o evento é "afetiva". A Jornada foi responsável por lançar o grupo em 93, com a encenação de "Sardanapalo".

"Até então fazíamos apenas teatro de rua. Depois da Jornada, começamos a nos apresentar comercialmente em teatros", afirmou Possolo.

O grupo mantém a formação inicial: Hugo Possolo, Alexandre Roit e Raul Barreto. Mas, para "U Fabuliô", eles contam com a participação dos atores Ângela Dip, Carmo Murano e Armando Júnior no elenco.

A história

"U Fabuliô" é uma adaptação feita por Possolo a partir de contos franceses dos séculos 13 e 14.

Possolo fez uma única história baseada nos contos. Trata de um mascate que vai vender a Banha da Jurumba e que tem um empregado louco que antes era o patrão.

"É uma farsa contemporânea em que todos enganam todos e se dão mal, mas continuam juntos", diz Possolo.

O empregado desconfia que sua mulher o está traindo com o padre. Ele resolve se vingar, mas acaba matando o padre errado. "Ele enlouquece e acredita no fim que era um jumento, e a mulher acha que é uma vaca", afirma.

Segundo Possolo, os contos têm mensagem extremamente moralista, que ele transformou em farsa. Sua idéia de fazer o roteiro para a peça surgiu no começo do ano, quando leu "Certas Fábulas Medievais" e "Decameron".

Segundo Possolo, nesta peça existe pouco do universo circense utilizado largamente pelo grupo em seus espetáculos. "Tem muita coisa de palhaço, que é o personagem no qual focamos nossa pesquisa, mas pouco malabarismo", disse.


Da Reportagem Local