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O Estado de São Paulo - Caderno 2
14 de agosto de 1996



Arte Cênicas

O grupo Parlapatões, Patifes e Paspalhões vai levar os fabliaux aos palcos: histórias de traições, caixeiros viajantes, loucos, milagres e padres devassos.

Parlapatões buscam erotismo medieval

Mantendo tradição mambembe e de arte populares do Nordeste, grupo de inspira em contos franceses e pretende discutir temas relativos ao fim do milênio.

O representante nacional do "mambembismo" é o grupo Parlapatões, Patifes e Paspalhões, que dessa vez embarca numa viagem por uma série de contos franceses medievais (os fabliaux).

Os fabliaux são contos licenciosos, o que eqüivale a dizer que são eróticos. Como na tradição mambembe, atual dentro de uma carroça em forma de barco, onde contam as histórias ao som de exóticos instrumentos musicais. Segundo Hugo Possolo, diretor do grupo, a idéia é unir as temáticas medievais com as discussões do fim do milênio.

Com uma roupagem das artes populares do Nordeste, eles contam histórias de traições, caixeiros viajantes, loucos, milagres e padres devassos, inspiradas no livro Pequenas Fábulas Medievais, editado no Brasil pela Martins Fontes.

Os Parlapatões começaram a fazer sucesso com Sardanapalo, que chegou para ficar dois anos em cartaz. Fizeram também Zérói, Bem Debaixo do Seu Nariz - o primeiro, em 1990 - e outras peças de grande sucesso.

As inspirações? Grouch Marx, Monty Phyton, Arrelia, Shakespeare, Moliére. Cabe de tudo o caldeirão dos Parlapatões. O grupo tenta chegar às origens de tudo, buscando na performance de rua do antigo saltimbanco a mola impulsionadora de seu trabalho contemporâneo.

Os Parlapatões são: Hugo Possolo, Alexandre Roit e Raul Barreto, três ex- colegas do Circo Escola Picadeiro. A trilha desse novo espetáculo é de Márcio Werneck.