ISMÊNIA

Sinopse

Ritsos, um dos mais importantes poetas gregos contemporâneos, inédito no Brasil , retira da tragédia Antígona de Sófocles, a personagem ISMÊNIA , irmã de Antígona e filha de Édipo e Jocasta, e a transforma em protagonista deste POEMA-CÊNICO, misturando  a História, os fatos de uma Grécia clássica com o mundo atual, numa completa subversão temporal e de extrema carga poética. ISMÊNIA, a última descendente da trágica família, expõe aqui sua vida, seu passado e um acerto de contas com a História.

Ficha Técnica

 

ISMÊNIA

De: Yannis Ritsos 

Tradução: de Aimar Labaki. 

Direção/Cenografia/Trilha Sonora : William Pereira

Figurinos e Visagismo :  Fábio Namatame

Iluminação: Caetano Villela 

Elenco:

Sônia Guedes ............................ Ismênia velha

Adriana Londoño ........................ Ismênia jovem

Rubens Caribé ........................... Jovem Oficial/ Narrador 

Produção Leopoldo De Léo Jr

Serviço

Estréia : 21 de janeiro de 2006 –  sábado - 21 horas . 

Horários temporada :

De 21 de janeiro a 26 de março de 2006

sextas-feiras : 21:30hs , sábados: 21:00hs, domingos : 19:00 hs 

Ingresso:

Sextas-feiras e domingos: R$30,00 e R$15,00(estudantes, aposentados e 3a idade )

Sábados: R$40,00 e R$20,00 (estudantes, aposentados e 3a idade) 

Local : Teatro TUCA: Rua Monte Alegre, 1024 - Perdizes.

TUCARENA: 200 lugares.

Bilheteria: Aberta de quarta-feira a domingo, das 15h às 20h.

Não aceita cartão de crédito, apenas cheque e dinheiro.

Televendas: (11) 3188-4156 (aceita cartão de crédito).

O teatro possui ar condicionado e acesso para deficientes. Além de possuir estacionamento conveniado, na Rua Monte Alegre, 998 - RITI Estacionamento.

Telefone: 3670-8455 (bilheteria).

Sobre o diretor  

WILLIAM PEREIRA

Diretor de teatro e ópera, Cenógrafo.

Há alguns anos o diretor William Pereira vêm pesquisando as possibilidades entre a Literatura e a Cena; a teatralização de textos literários não escritos primeiramente para a cena. Um dos resultados dessa pesquisa foi o espetáculo O LIVRO DO DESASSOSSEGO de Fernando Pessoa em 1997, considerado um dos melhores espetáculos do ano. Agora é a vez de ISMÊNIA de Yannis Ritsos, um dos mais importantes poetas gregos contemporâneos e inédito nos palcos brasileiros. ISMÊNIA é um dos poemas dramáticos de Ritsos  que fazem parte da sua coletânea de mitos gregos redimensionados A QUARTA DIMENSÃO. Batizando esse espetáculo de POEMA CÊNICO, William Pereira pretende dar continuidade à sua pesquisa, e propor uma nova forma de narrativa, um novo olhar sobre o ato teatral tradicionalmente centrado na ação. Aqui é a palavra que é o diapasão, a partitura, o ponto de partida e chegada.Sobre a palavra todo o espetáculo, a interpretação, a visualidade, musicalidade (nesse espetáculo o diretor precisa ser uma espécie de maestro para traduzir em cena a prosódia, os andamentos, a música da obra poética) , é construída. O ator, além de se apropriar da personagem mitológica assume o papel de narrador da História, uma espécie de "distanciamento" que destaca e revela toda a poesia da obra de Ritsos e ao mesmo tempo conta a trajetória da última descendente da trágica família de Édipo e Jocasta. William Pereira pretende nos próximos anos completar sua TRILOGIA RITSOS, com a encenação de mais duas obras do autor HELENA com Marília Gabriela em 2007 e CRISÓTEMIS.       

Sobre o autor  

Yannis Ritsos nasceu em Monemvassia ,Grécia, EM 1º DE MAIO DE 1909 como o caçula de uma nobre família de proprietários de terras. Sua juventude é marcada por devastações em sua família: ruína econômica, a morte precoce da mãe e do irmão mais velho, e a internação do pai sofrendo de problemas mentais.

Ritsos passou quatro anos (1927-1931) em um sanatório para se curar de tuberculose. Esses trágicos eventos o marcaram e estão presentes em sua obra. As freqüentes leituras o levaram a escrever poesias e a se dedicar a movimentos revolucionários. Em 1931 se filiou ao Partido Comunista Grego. Ele publica em 1934 TRACTOR inspirado no futurismo de Maiakovski e PIRÂMIDES (1935), duas obras onde ele consegue um equilíbrio, ainda que frágil, entre a fé no futuro, baseada nos ideais comunistas e o seu desespero pessoal.

Em 1936, o longo poema EPITÁFIOS explora a forma da tradicional poesia popular, e expressa numa linguagem clara e simples uma comovente mensagem de fraternidade. A música de Theodorakis sobre o poema EPITÁFIOS em 1960, foi o detonador da Revolução Cultural Grega.

     A ditadura do regime de Metaxas ,em agosto de 1936,obrigou Ritsos a ser prudente, principalmente porque EPITÁFIOS foi queimado publicamente, censurado. O poeta então explora algumas conquistas do surrealismo: acesso ao mundo dos sonhos, livre associações, explosão de imagens e símbolos, lirismo mostrando a angústia do poeta, doces e amargas lembranças: AS CANÇÕES DA MINHA IRMÃ (1937), SINFONIA PARA A PRIMAVERA(1938). Trechos desta obra constituem a base da Sétima Sinfonia de  Mikis Theodorakis , chamada exatamente de Sinfonia da Primavera.

Em UMA VELHA MAZURKA PARA O RITMO DA CHUVA (1942), Ritsos concebe pela primeira vez sua ligação com o espaço grego, com o “Helenismo” como base de uma memória histórica que vai preencher toda sua obra futura: ROMIOSSINI (1954, também musicado por Theodorakis em 1966), um despedaçado hino à terra grega humilhada e SENHORA DOS VINHEDOS (1945-47).

     Durante a Guerra Civil Grega Ritsos entra em conflito com os fascistas e é condenado a quatro anos de detenção em vários campos chamados de “reabilitação”: Limnos, Aiyos, Efstratios e Macronissos.  Apesar disso, ele realiza uma importante produção, reunida em VIGÍLIA (1941-53), e uma longa crônica poética dessa década terrível : DISTRITOS DO MUNDO (1949-51),a base de uma outra composição de Theodorakis.

Surge então a maior obra de sua maturidade: A SONATA AO LUAR (1956)- Prêmio Nacional de Poesia-, QUANDO CHEGAM OS ESTRANHOS (1958), A VELHA E O MAR (1958), A CASA DOS MORTOS (1959-62),onde introduz uma série de longos monólogos inspirados na mitologia grega e nas tragédias clássicas: ORESTES (1962-66) e FILOCTETES(1963-65).

Entre 1967 e 1971 a Junta Militar o deporta para Yaros e Leros e uma ordem para morar em Samos. Isso não o impede de enriquecer  sua longa obra  e a continuar sua inspiração na Grécia antiga: PERSÉFONE (1965-70), AGAMEMNON (1965-70), ISMÊNIA (1966-71), AJAX (1967-69), CRISÓTEMIS (1967-70), escritos na sua ilha de deportação. HELENA (1970-72), O RETORNO DE IFIGÊNIA (1971-72), FEDRA (1974-75).

    A QUARTA DIMENSÃO agrupa todos os textos que tem a forma de monólogos teatrais e inspirados em mitos antigos. Os heróis dessas obras estão sempre diante do conflito ou a um passo da morte, em um momento onde eles fazem um balanço de suas vidas. Enquanto discorrem sobre eles mesmos para um personagem mudo, eles se lançam em uma narrativa repleta de digressões e anacronismos. De fato, todos esses poemas são uma meditação sobre a velhice, a morte, o tempo, a desagregação familiar, a História e a Existência colocada entre necessidades pessoais e imperativos coletivos, solidão e a crise dos movimentos revolucionários.

Ritsos escreveu também uma série de poemas curtos que refletem de uma maneira comovente seu povo despertando do pesadelo, PEDRA, REPETIÇÃO, BARREIRA, (1968-69), GESTOS, PAPEIS, O MURO NO ESPELHO (1967-71), CAMINHO DE PASSAGEM E ESCADARIA (1970), 18 PEQUENAS CANÇÕES DE UMA TERRA NATAL AMARGA (1968-70).

A partir de 1970 a poesia de Ritsos toma o formato de longas sínteses, onde rupturas oníricas, sonhos despertos e o surreal constantemente intervem na vida diária do povo e uma contínua ruptura com o Tempo e o Espaço. Um mundo é criado em PARA INICIAR (1970-77), SONS DA VITÓRIA (1977-83), onde ele celebra a beleza da vida enquanto ERÓTICA (1980-81) é um hino ao amor em toda sua dimensão.

     Nos anos 80 Ritsos escreveu alguns romances. Nove livros são reunidos sob o título de ICONOCLASTIA DE SANTOS ANÔNIMOS (1983-85) e revelam os resultados das conquistas do poeta: liberdade nas metáforas, alternância do real e do onírico, rupturas súbitas, ousadia de linguagem, o florescer dos sentidos para um universo erótico onde coexistem a idade e o tempo.

    Os poemas do seu último livro TARDE DA NOITE (1987-89) são repletos de tristeza e da consciência de perda, mas um poético caminho onde Ritsos restaura a vida e o mundo ao seu redor, preservando um brilho de esperança e um último sopro de criatividade.

    O poeta vê a redução de sua saúde e a penosa queda de seus ideais políticos. Internamente destruído, ele falece em Atenas em 11 de novembro de 1990.